Quando o luto é o gatilho que te impede de emagrecer...
- Juliana Graminho
- 7 de dez. de 2024
- 5 min de leitura

Estava aqui pensando sobre quantas pessoas partiram... pessoas queridas se foram... e deixaram saudades. Perder alguém que amamos é uma das coisas mais difíceis da vida. Parece que o chão desaparece, e a vida perde o brilho. A gente se sente perdido, sem rumo, e se pergunta como seguir em frente. Parece que nessas horas vem um pensamento: "se toda vida caminha para o fim, por que lutar tanto?"
Não é raro receber pessoas no consultório enlutadas, que depois da perda engordaram muito e não conseguiram mais emagrecer. Isso faz pensar que a alimentação é mais influenciada pelo luto do que a gente imagina. Então para conseguir fazer melhores escolhas alimentares, e conseguir comer dentro do limite de saciedade, há algo que precisa ser cuidado antes: o luto.
Nesse sentido, quero dizer que por mais pesado que seja que é possível atravessar o luto, e dar um passo de cada vez e redescobrir o sentido de estar aqui. É possível sim encontrar formas de lidar com toda essa dor emocional, com a perda das referências que aquela pessoa nos dava. Uma das coisas do luto é que sentimos falta da pessoa, mas também de como éramos ou nos sentíamos por estar com ela.
Separei alguns passos aqui que podem ser muito valiosos nesse processo de recuperação após a perda. Se isso for útil para você anota! E se for útil para alguém que conhece, compartilha com ela:

1. Viva seu tempo e suas emoções
Primeiro de tudo: não se cobre pra "ficar bem rápido" ou seguir algum roteiro que alguém te deu (luto não vivido fica crônico). Então viva seu luto... Chore se precisar, fale sobre isso com pessoas da sua confiança, escreva, grite, ore, movimente seu corpo, bata com força em um travesseiro. O importante é não guardar tudo dentro de você. Sentir é humano e, mesmo que pareça difícil agora, cada lágrima é um pedacinho da dor que vai saindo. E mesmo que pareça que as pessoas não querem ouvir (ou que você irá repetir a mesma coisa várias vezes), há sempre pessoas dispostas a te escutar. Cada vez que falamos algo da dor vai arrumando, talvez não amenize agora mas vai arrumando o caminho para atravessá-la.
"Há uma imagem que me vem à cabeça quando penso nos lutos que vivi. Estamos atravessando o "vale das sombras", então é importante continuar caminhando, pois se sentarmos no chão ficaremos mais tempo por ali. Então, o importante é manter-se em movimento, escutando o coração, mas seguindo adiante." (Juliana Graminho)

2. Aceite a realidade da perda
Sim, dói. Muito. Mas fingir que está tudo bem ou que nada mudou só deixa as coisas mais difíceis. Fingir que está tudo bem não respeita os seus sentimentos e não respeita a memória de quem se foi. Reconheça o impacto que essa perda teve na sua vida. É difícil? É. Mas aceitar que o aconteceu é irreversível é o primeiro passo pra conseguir reorganizar as coisas. Se estiver impossível aceitar a perda, se dê um tempo maior... e se mesmo após muito tempo (talvez 1 ano) ainda não estiver conseguindo aceitar, busque ajuda profissional. É possível que seu luto tenha ficado crônico.
3. Fale com alguém (ou vários "alguéns")
Não precisa carregar esse peso sozinho. Trocar uma ideia com amigos, família ou até mesmo um grupo de apoio pode fazer toda a diferença. Falar alivia. E se parecer que a dor está grande demais pra lidar, buscar ajuda profissional é um sinal de força, não de fraqueza. Cada vez que falamos, vamos conseguindo ver a situação por outros ângulos, vamos conseguindo uma visão mais real da situação, vamos compartilhando a dor, vamos aprendendo a lidar com os sentimentos contraditórios que surgem pela perda, e aos pouquinhos isso tudo vai ficando menor.
4. Lembre com amor
A pessoa que você perdeu vai sempre fazer parte de quem você é. Em vez de tentar esquecer, encontre jeitos de lembrar com amor. Pode ser montar um álbum de fotos, escrever sobre os momentos bons que vocês viveram, ou até criar um ritual pra homenagear. Transformar a dor em memória bonita ajuda a manter a conexão. Uma coisa que ouvi que fez muito sentido: a saudade é sinal de que ali havia amor... quanto maior a saudades, maior é o amor que vivemos (e que ainda permanece dentro de nós). Honre isso com todo seu ser.
5. Redescubra o que faz seu coração bater
No começo, tudo parece sem graça, eu sei. Mas tenta dar pequenos passos. Talvez ouvir sua música favorita, sair pra caminhar, experimentar algo novo... Não precisa ser nada grande. O importante é começar a se reconectar com as coisas que te fazem bem e abrir espaço pra que novos significados apareçam. Vale escutar as músicas e visitar lugares que te lembram a pessoa, mas nessa fase é importante também abrir-se para o novo. É muito válido construir novas memórias, mesmo que no começo seja incômodo, ou não faça nenhum sentido. Aos poucos você vai pegando gosto.
6. Seja sua maior aliada
Nem sempre você vai se sentir forte, e está tudo bem. Tenha paciência com você mesmo/a nos dias difíceis e comemore as pequenas vitórias, como conseguir sorrir de novo ou sentir paz por um instante. Lembre-se: você está fazendo o melhor que pode, e isso é uma vitória e tanto e mais que suficiente. O importante é não ficar parado/a. Se sentir que está muito tempo na inércia, talvez seja a hora de procurar ajuda profissional. Quando quebramos um braço a gente vai no ortopedista sem pestanejar, certo? Quando "quebramos" a alma, a gente deveria procurar um/a psicólogo/a sem pestanejar também. Mas infelizmente algumas pessoas ainda acreditam que Psicologia é coisa para doido. Na verdade Psicologia é coisa para quem sofre, para quem quer melhorar como ser humano, para quem tem coragem de tratar das suas dores, medos e dúvidas.
7. A dor faz parte, mas não é tudo
Sim, a dor é real e faz parte da sua história, mas ela não define você. Com o tempo, dá pra aprender a conviver com a ausência, enquanto vai criando uma nova forma de viver. O amor pela pessoa que se foi continua aí, e é isso que pode te dar forças pra seguir. Imagine como a pessoa que partiu gostaria de lhe ver... triste, imobilizada pela dor ou buscando reconstruir sua vida, dar um propósito maior a ela.
Superar o luto não é sobre "esquecer" ou "seguir em frente" de qualquer jeito. É sobre encontrar um jeito novo de viver, carregando no peito as memórias e o amor. Pode não parecer agora, mas as coisas vão se encaixar de novo. Vá com calma, um dia de cada vez, e lembre-se: você não tá sozinho/a nessa. 💛
Se precisar de apoio ou de conversar me manda uma mensagem, podemos juntas encontrar um caminho menos árduo para você atravessar seu "vale das sombras". E atravessar esse vale é um grande passo (e necessário) para melhorar sua alimentação.
Beijo com amor
Ju Graminho
Psicóloga
Comer Consciente®
MInha homenagem a todas as pessoas que partiram, deixando muitas saudades, mas também muitas lições de vida.
Aos amados: Adriano Moura Jorge (primo), Alda Marina Moura Jorge (tia), Manuela Moura Jorge (prima), Mariana Moura Jorge (prima), Ana Lucia Nóbrega Santana (prima), George Gomes Machado (namorado), Analice Gebauer Volkov (amiga), Laudelino Moura Jorge (avô), Gisele Laffite Pedroso (madrinha), Maria Teresa de Oliveira Nóbrega (tia madrinha), Lorena Souza Fay (filha de uma amiga), Cacilda de Oliveira Nóbrega (avó), Amarildo Moura Jorge (tio), Julio Cesar Moura Jorge (tio), Elioni Ferro Moura Jorge (tia).

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