Como emagrecer desistindo de emagrecer
- Juliana Graminho
- 7 de abr. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 8 de abr. de 2023
O conceito de “desistir de emagrecer para emagrecer” está relacionado à ideia de deixar de lado a obsessão pela perda de peso e focar a atenção, energia e tempo em ganhar saúde e bem-estar geral.
Mais do que focar no emagrecimento, é importante abordar os GATILHOS que contribuem para comer excessivamente e, em consequência, ganhar de peso. O emagrecimento acaba sendo um possível resultado do ganho de qualidade de vida e aumento da saúde física e emocional.
Buscar emagrecer significa para a maioria das pessoas colocar-se em restrição alimentar. Elas não consideram que restringir alimentos causa o chamado "paradoxo da dieta", ou seja, quanto maior a privação alimentar menos se consegue manter a perda de peso no longo prazo.
Embora muitas pessoas que fazem dieta tenham sucesso inicial na perda de peso, a maioria (95%) acaba recuperando todo o peso perdido e, muitas vezes, acabam ganhando mais peso do que tinham antes de começar a dieta. Esse fenômeno existe porque quando perdemos peso, há desaceleração do metabolismo (o corpo tenta economizar energia, tornando mais difícil continuar perdendo peso). Essa adaptação metabólica pode persistir mesmo após a estabilização da perda de peso, facilitando a recuperação do peso perdido.
Outra razão para que o paradoxo da dieta exista é que fazer dieta geralmente leva a um ciclo de restrição e compulsão alimentar. Restringir a ingestão de alimentos pode levar a sentimentos de privação, que podem desencadear comportamentos de compulsão alimentar - o que pode levar ao ganho de peso ao longo do tempo.
Finalmente, o paradoxo da dieta também pode ser explicado pelo fato de que as dietas muitas vezes não são sustentáveis a longo prazo. Muitas dietas envolvem regras alimentares rígidas, que podem ser difíceis de manter a longo prazo. Isso pode levar a um retorno aos velhos hábitos alimentares após o término da dieta e pode contribuir para o reganho do peso.
Um estudo publicado no New England Journal of Medicine descobriu que, embora as pessoas em uma dieta com restrição calórica conseguissem perder peso a curto prazo, a maioria delas recuperou o peso perdido em cinco anos.
Assim, entendemos que ao invés de focar na perda de peso por meio de dietas restritivas, é mais efetivo focar em mudanças sustentáveis no estilo de vida, que traga benefícios à saúde a longo prazo. Isso pode envolver o desenvolvimento de novos hábitos de vida e encontrar maneiras de controlar o estresse e as emoções sem recorrer à comida.
Aqui estão algumas estratégias potenciais para lidar com os excessos alimentares, ao mesmo tempo em que se desiste do foco na perda de peso:
Mude o foco da perda de peso para a saúde geral: em vez de se concentrar apenas na perda de peso, mude o foco para a saúde e o bem-estar. Isso pode envolver experimentar e incorporar novos hábitos, como atividade física, gestão do estresse, nutrição e autocuidado. (Busque não fazer essas atividades com o objetivo de perder peso, e sim com a finalidade de ganhar saúde, alegria, bem-estar e longevidade)
Pratique a alimentação intuitiva: A alimentação intuitiva é uma abordagem não restritiva e não prescritiva (significa que suas escolhas alimentares não levarão em conta um plano alimentar rígido prescrito por profissional e não haverá contagem de calorias). Ao invés disso, você apende a ouvir os sinais de FOME para decidir O QUE e QUANTO comer; e ouvir os sinais de SACIEDADE do seu corpo quando estiver satisfeito como referência para parar de comer. Isso pode ajudar a reduzir o impulso de comer demais ou comer compulsivamente.
Identifique os gatilhos emocionais: a compulsão alimentar geralmente está ligada a emoções como estresse, ansiedade ou depressão. A identificação de gatilhos emocionais pode ajudar os indivíduos a encontrar maneiras mais saudáveis de lidar com suas emoções, como por meio de exercícios de autoconhecimento, autorregulação emocional ou técnicas de relaxamento.
Busque apoio: o apoio de amigos, familiares ou um terapeuta pode ser útil para indivíduos que comem exageradamente e querem melhorar sua relação com a comida. Pode fornecer apoio emocional, motivação e responsabilidade.
Desenvolver habilidades de enfrentamento: Desenvolver habilidades de enfrentamento, como controle do estresse, regulação emocional e atenção plena (Mindful Eating), pode ajudar os indivíduos a gerenciar suas emoções e reduzir a probabilidade de compulsão alimentar.
Enfatize a autocompaixão: a autocompaixão envolve tratar a si mesmo com gentileza e compreensão, em vez de julgamento e crítica. Praticar a autocompaixão pode ajudar você a desenvolver uma autoimagem mais positiva e reduzir a tendência de se envolver em conversas internas negativas ou comportamentos de exagero alimentar.
É importante observar que lidar com essas questões alimentares é algo que requer perseverança e conhecimento. Assim, buscar apoio de um profissional de Psicologia e de Nutrição pode ser útil no tratamento e apoio à pessoa.
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