“Por que você não consegue emagrecer?”
- Juliana Graminho

- 8 de abr.
- 4 min de leitura
Atualizado: 11 de abr.
Vou te explicar nesse texto o que impede você de emagrecer, ou melhor, qual é a causa mais profunda do excesso de peso e da obesidade. E, também, qual caminho para destravar seu emagrecimento (e não é buscando encontrar a dieta perfeita).
Vamos lá!
Imagine por um momento que seu corpo é uma cidade, cheia de ruas e carros transitando. Imagine então que uma dessas ruas está congestionada, e que nesse ponto você veja sinais de trânsito dizendo "diminua a velocidade" ou "atenção, perigo". Esses sinais não são o problema em si, mas são avisos tentando evitar que algum acidente aconteça.
Da mesma forma que os sinais de trânsito não são o problema (pois, eles apenas alertam de que há um problema à frente), a obesidade também é apenas um sinal (de que há um problema mais profundo). Vamos entender isso melhor!

Podemos considerar a obesidade não como um problema a ser solucionado, mas como um "sinal" que aparece (no corpo) para nos avisar que algo não vai bem, ou como falamos em Psicologia: é um "sintoma".
“Sintoma” pode ser qualquer problema na nossa vida: a obesidade, ou o descontrole alimentar, ou qualquer outra coisa que cause sofrimento - e que de alguma forma tem a “função” de nos proteger de um outro problema (maior) ou de um conflito (inconsciente).
Essa ideia de que o "sintoma" (a obesidade no caso) pode ter uma "função" vem da psicanálise, especialmente de Sigmund Freud e Jacques Lacan. Quando falamos “função” quer dizer que a obesidade tenta resolver (no corpo) algo que a nossa mente não está conseguindo dar conta. Como o sinal de trânsito na rua engarrafada, o “sintoma” sinaliza que algo não vai bem e aparece para chamar nossa atenção.
Por que acredita-se que a obesidade pode ter uma função?
Freud percebeu que os “sintomas” (nessa caso, a obesidade, ou o ato de comer compulsivamente, ansiedade, etc.) não acontecem por acaso. Eles surgem como uma forma do nosso corpo (ou como diriam os psicanalistas: nosso inconsciente) lidar com emoções ou desejos que não conseguimos controlar diretamente. Ou seja, a obesidade (ou o descontrole alimentar) podem ser uma tentativa do nosso cérebro de "resolver" um conflito interno, mesmo que isso paradoxalmente nos traga mais sofrimento. É como uma tentativa frustrada (e repetitiva) na esperança de solucionar esse conflito interno, sem que na realidade consiga resolver.
Por exemplo, se alguém cresceu ouvindo que precisa ser "forte" e "não demonstrar fraqueza", pode acabar usando a comida para tentar se sentir forte e para aliviar a insegurança, já que aprendeu a não expressá-la de outra forma e não aprendeu cuidar dessa insegurança de outro modo (a não ser comendo).
A obesidade como uma mensagem criptografada
A obesidade (como "sintoma") não é algo que conseguimos explicar de imediato, é como uma mensagem criptografada. A obesidade não é o problema em si, mas uma forma do nosso corpo tentar nos mostrar que algo precisa de cuidado ou de mudança. Então, o sintoma aparece, mas o verdadeiro problema mais profundo, e precisa ser decifrado para encontrar uma solução real.
Lacan disse que o "sintoma" é uma espécie de "mensagem escondida e codificada". É como se o nosso inconsciente estivesse tentando nos mostrar algo (através do corpo) que nos faz sofrer. Por isso, simplesmente tentar eliminar o sintoma (como fazer dieta radical para parar de comer compulsivamente e emagrecer) não vai funcionar — porque a raiz do problema continua lá.
Lacan também ensinou que, em alguns casos, o "sintoma" não só causa sofrimento, mas também organiza a vida da pessoa. Por exemplo, alguém pode se identificar tanto com a luta contra a obesidade que, sem esse problema, não saberia mais quem é. Qual será sua luta ou preocupação se a obesidade sumir? Não é raro ver uma pessoa apriosionada pela obesidade e/ou pela compulsão alimentar, que acaba tendo a maior parte do seu tempo dedicado à preocupação com o corpo, com a alimentação, com a dieta, com quantos quilos têm, etc.
O que isso significa na prática?
Significa que, antes de tentar "forçar" o fim de um sintoma, é importante entender por que ele surgiu (qual tem sido sua "função") e o que ele está tentando comunicar. Em vez de se culpar ou buscar apenas soluções rápidas (e dietas milagrosas), vale se perguntar:

O que o meu descontrole alimentar está tentando aliviar?
De que a obesidade está tentando me proteger?
O que eu estou evitando sentir quando como sem fome?
Como eu me sentiria se minha obesidade desaparecesse? Isso me assusta de alguma forma?
O caminho para mudar o comportamento não é só força de vontade. É escutar a si mesma com mais curiosidade e menos julgamento. Afinal, quando entendemos por que um sintoma existe, conseguimos encontrar formas mais saudáveis de lidar com ele — sem precisar de soluções drásticas ou que nos façam sofrer ainda mais. É justamente isso que proporcionamos às mulheres no Programa 12 Chaves para Emagrecer.
Pode parecer estranho, mas às vezes comer compulsivamente ou manter a obesidade não é apenas um problema — é uma "solução imperfeita" que o nosso inconsciente encontrou para lidar com algo mais profundo.
Isso não significa que gostamos de sofrer ou que não queremos mudar. Significa que, de alguma forma, esse comportamento pode estar nos protegendo de algo que ainda não conseguimos encarar.
O descontrole alimentar e a obesidade não são falta de disciplina. Eles são "sintomas" que tem uma "função". E quando conseguimos decifrar sua função, começamos a encontrar caminhos mais gentis para cuidar de nós mesmas… e alcançar o equilíbrio emocional, alimentar e o emagrecimento.
Um beijo e até a próxima
Juliana Graminho
Psicóloga
Comer Consciente®








Comentários